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Marilia Trevizan

CRP 12/09602

  • Foto do escritorMarilia Trevizan

Transforme o Sentido do Teu Trabalho: O que uma Pergunta Instigante e a Ferramenta Prática do Ikigai Podem Fazer por Você?

Enquanto decidia sobre como introduzir esse texto sobre trabalho, propósito e felicidade de forma a conduzir para um caminho no qual o servir se dispa de expectativas, ao mesmo tempo que se torne um lugar de transbordo que alimente a conexão com vida, revisitei minhas memórias e, rapidamente, percebi que, por inúmeras vezes, coloquei sobre o trabalho expectativas e demandas oriundas de outras áreas da vida.


Trago-as aqui, como um convite inicial para a percepção de qual o espaço que o trabalho ocupa na tua vida para que, ao fim da leitura, quando as esferas estratégicas do exercício IKIGAI forem preenchidas, como uma ferramenta mais concreta de respostas para essa busca, haja no processo mais fluidez,  consciência e conexão com a realidade.


A memória mas significativa me lembra que busquei por meio do trabalho encontrar o amor de meus pais, querendo os orgulhar para então sentir que estava sendo vista e amada, repetindo padrões e crenças familiares. Em outros momentos de dor, utilizei o trabalho como fuga, preenchendo os espaços vazios existentes, algumas outras busquei segurança e respostas, por outras tantas, o trabalho esteve conectado com minha importância pessoal e a necessidade de validação do ego.


Essas e outras expectativas jamais poderão ser sustentadas pelo trabalho, o servir é um lugar de troca, no qual entregamos o que temos e somos remunerados para isso. Tudo o que transcender essa percepção é grande demais e sem a clareza do que buscamos encontrar no trabalho e a consciência do que podemos esperar dele, as respostas e a satisfação não podem chegar.


E então, a grande pergunta a ser respondida é: Qual o lugar que o servir está ocupando da na tua vida?


E sobre a vida, podemos perceber de outro ângulo que a sensação de vida sendo vivida passa mais pelo quanto nos sentimos úteis e entregando para o mundo por intermédio dos movimentos de servir à vida do que pelos momentos de lazer extraordinários.  E, por isso mesmo, as respostas sobre as questões que esse texto pretende elencar objetivam um olhar mais prático do que reflexivo, pois jamais vamos compreender a vida paralisados no pensamento.


Esse é um convite para uma leitura ativa, para que esse não seja mais um instrumento de pensar que aumente a barreira que te impede de agir.

 

 

UM POUCO DE AUTORELATO

Ingressei no mundo do trabalho aos 16 anos, como vendedora de uma pequena loja de roupas. Lembro-me com clareza o poder que aquele movimento gerou, me sentia importante, tinha meu dinheiro e senti as primeiras liberdades que esse fator pode nos entregar e, como consequência, cuidei mais de mim, me sentia feliz e pertencente a um grupo especial: os que possuem a dignidade do dinheiro.


Encerrei esse ciclo quando ingressei na faculdade, prestei o vestibular como treino, orientada pelo meu pai e escolhi Psicologia por ser o sonho de mamãe. Passei em um dos primeiros lugares e, então, decidi cursar, afinal era o que estava disponível.


Essa é uma informação importante, encontrar satisfação no servir diz mais sobre quem está servindo do que na tarefa em si, o trabalho não realiza ninguém, ele é para ser realizado. Quem encontra esse lugar de fazer que olha para as pessoas, faz todo e qualquer trabalho como um ato sagrado. Porém aqui, nessa fase pós lojinha, as coisas mudaram e a confusão se instalou: Eu já não entregava meu servir com alegria, eu o fazia em busca da aprovação e amor.


Eu ainda não era capaz de perceber que o amor dos pais é disponível e me movia em busca de conquistar esse amor. E com essa postura, comecei a depositar no servir as expectativas não resolvidas com a minha família de origem. Desconectada, terminei a faculdade e abandonei a profissão logo após o primeiro emprego, mudei de cidade e comecei a me aventurar nas mais diversas áreas.


Um tempo depois, sentindo falta de trabalhar com a Psicologia e com o adoecimento de meu pai, retornei para as origens, no entanto, agora o fazia com obstinação: em pouco menos de um ano eu estava concursada, trabalhando em uma instituição privada, atendendo no consultório, sendo colunista de jornal e fazendo um trabalho como mediadora de conflitos judiciais na comarca de minha cidade - Eu não estava sendo apenas dedicada, estava buscando consolo e realização em horas infinitas de trabalho.


E aqui o trabalho me mostrou algo importante: as repetições das crenças e padrões familiares. Meu pai tinha vários empregos, mesmo após sua primeira aposentadoria, e eu cresci ouvindo papai falar com orgulho de sua dedicação, da quantidade de trabalhos que exercia, que já não cabiam em uma mão.


O que eu estava fazendo era seguindo os passos de forma literal sem perceber que o motivo de uma geração se colocar em sacrifício é para que a próxima encontre um jeito mais leve e que, antes disso: o que faz sentido em uma geração pode não fazer mais em outra.  Quando essa percepção caiu como um raio em minha cabeça, comecei os corajosos e dolorosos movimentos de mudança.


Tornou-se então, uma prática quase que diária a observação da minha postura de trabalho, e te convido a fazer o mesmo, observar com gentil atenção para onde você está olhando e quais são os lugares sedutores dessa jornada que nublam tua visão, pode ser o foco no dinheiro como objetivo e não nas pessoas, busca de segurança, reconhecimento ou ego. Eu não sei o que pode surgir na tua verificação, mas tenho certeza que pode ser muito útil.

 

IKIGAI

Para colaborar com quem, assim como eu, precisa de informações mais práticas e de estrutura para mover-se, vamos falar sobre o Ikigai, que é uma filosofia e também uma ferramenta que pode colaborar com a percepção do reconhecimento de qual é o teu servir ao mundo.


Ikigai é uma palavra em japonês e seu significado é algo como “conectar-se com o sentido da vida”, “o motivo que te faz sair da cama pela manhã”. Ken Mogi descreve em seu livro com mesmo nome que existem cinco pilares para encontrar o Ikigai pessoal: começar pequeno, libertar-se, buscar harmonia e sustentabilidade, descobrir a alegria das pequenas coisas e estar no aqui e agora.


É um jeito muito bonito de perceber a vida, valorizando e alegrando-se com os pequenos projetos, libertando-se das expectativas externas e internas - tal como uma criança se move pelo mundo, livre, disposta e curiosa. Encontrar um sentido junto ao todo, harmonizando e gerando sustentabilidade das ações e da própria vida, alegrar-se com o ordinário e manter-se no presente, na realidade.


Ikigai também é uma ferramenta em que com base em respostas a algumas perguntas, podemos encontrar nas interseções valiosas informações. Para utilizar-se da ferramenta, separe papel e caneta e preencha as seguintes informações:


Uma lista de tudo o que você ama fazer, e pode colocar aqui, inclusive, as atividades que pareçam irrelevantes.

Dentro dessa primeira lista, reconheça em qual delas você é bom em execução. E se surgirem dificuldades, pergunte para as pessoas ao teu redor descreverem cinco coisas que você faz bem.

Dentre essas atividades quais delas o mundo precisa? Como o mundo pode se beneficiar disso que você faz bem?

E então reconheça como você pode ser remunerado em equilíbrio para entregar essa atividade que você ama fazer, sabe fazer e é contribuição para o mundo.



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